Perdoa-me a frontalidade. Perdoa-me as palavras (de amor?) que profiro sobre ti às minhas paredes. Não ligues à minha expressão estremecida quando trocamos confidências. Perdoa-me por te adorar com o olhar e conduzir-te até ao fundo de mim. Quero que venhas, quero ter-te. Preciso de ti como tu do poema. Quero provar-te o segredo que guardas no peito. Quero seduzir a tua pele com a minha, num momento em que eu e tu deixamos de ser almas separadas. Vive em mim, estende o tapete vermelho e deixa-me correr até ti. Não tenhas medo do que podemos ser. Deixa que te toque o peito com o cabelo, deixa-me sorver-te o cheiro até que me fiques bem entranhado. Escuta o que tilinta cá dentro e tenta perceber o remoinho que acontece quando te aproximas de mim. Dá-me esse sorriso cheio de meiguice e doçura de criança, eu tomo conta de ti. Vem enroscar-te em mim, qual gato a ronronar de mimo, sabedor da sua destreza. Vem e funde a tua mão com a minha. Fica e deixa-te levar por mim.
Perdoa-me a frontalidade: sou apaixonada por ti.