quinta-feira, 15 de novembro de 2007

2007 riscado do mapa.

- So you failed. Alright you really failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You failed. You think I care about that? I do understand. You wanna be really great? Then have the courage to fail big and stick around. Make them wonder why you're still smiling.

by Claire Colburn (Kirsten Dunst), Elizabethtown

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Coisas para recordar.

" Tu nunca serás meu... Nem eu, tua. Ainda assim, não consigo evitar apaixonar-me por ti de cada vez que o destino nos junta no mesmo sítio, à mesma hora. Começo a duvidar se é ele ou se sou eu que teimo em querer-te perto de mim, só para não ter que acarretar com os remorsos de não conseguir arrancar-te do peito.
De todas as milhentas vezes que nos separámos, eu enterrei-te no que parecia ser o mais profundo do meu passado, mas de nada tem servido. Consegues sempre vir ao de cima, ou eu própria te vou buscar. O que parece ser uma eternidade sem ti é, na verdade, um arrastar de dias que pesam meia dúzia de gramas quando te tenho comigo.
A minha vida tem-se resumido a uns largos períodos em que evito, com todas as minhas forças, pensar, sequer, que existes... Depois, pelo meio, surgem dias em que me sorris, como se nada se passasse. E, ironicamente, é aqui que vivo a minha (infeliz) felicidade.
Não vale a pena dizer e prometer a mim mesma que desta é que é... Porque não é. Eu sei que vou voltar a cair na tua esparrela e vou continuar a achar que és um pilho da futa. Mas eu nunca serei tua. "


(Às vezes, arrependo-me de te ter dado conversa no Verão dos meus 15 anos. )

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Maracujá.

Pirueta e meia na vida, desde a chegada. A bússola do destino voltou a girar. O Marquês não é o mesmo e o Egas está mais imponente. As escadas do Chico holandês estão mais curtas... ou assim parecem.
Naquela noite, contavam-se os celsius pelos dedos e a Lua, majestosa, jogava às escondidas com as nuvens. Quase conseguiu distinguir naquele olhar uma poeira qualquer, talvez um fumo. Um rescaldo de incêndio ou, somente, uma chama apagada.
O vento soprava rancorosamente, enquanto ela, muda e queda, se regozijava por mais um falhanço. Estava incrivelmente eufórica por dentro. Como era saudável ter um instinto assim! Aquele sexto sentido funcionava sempre. Pelo contrário, a razão e inteligência que lhe eram mais ou menos características costumavam ficar fora desse contexto.
Mas não sentia nenhuma dor na ferida reaberta. Já não sangrava, nem mesmo se lhe aqueciam gotas nos olhos. Naufrágios naquela ilha foram muitos no reportório. Deixava-se levar sempre pela mesma onda de sentimentos, não olhando às tempestades marítimas que ainda aconteciam no seu profundo. Estava habituada ao oceano de maravilhas furtuito. Apesar da noite fria, sorria com doçura. Sabia que era a última vez que estaria por ali com aquela visão do mundo. Sabia que as escadas nunca seriam tão compridas como se mostravam à luz daquele luar envergonhado. Aquele olhar deixaria um rasto no asfalto do seu íntimo, de tão fugaz convivência... Mas plena. O sotaque com sabor a fruta tropical, o macio dos polegares na sua face escarlate, palavras tão ternas como arrogantes e displicentes.
No meio do nada, sentiu-se bem. Não feliz nem descontente, apenas bem. Sempre amou a noite luarenta em Verões com boa companhia. Na verdade, já não era Verão e a companhia não passava de lembrança. Restava o Santos intacto, adormecido e escuro. Janelas corridas de gentes sempre vistas ali no bairro. Alfacinhas de gema, já dizia o outro. E o banco de madeira subitamente sozinho. Amanhã é outro dia.
Fechou a porta atrás de si e lembrou o dia 15 das férias de Verão. Já perdida em pensamentos soltos, percebeu o porquê da sua serenidade. Foi bom.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Merda.

A um passo de dar um rumo à minha vida, as pessoas mais importantes para mim não me apoiam.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Horas Dementes, Amores Impossíveis.

A chama arde, quase confusa com a luz da rua. Lá fora, a Lua mostra-se timidamente às amigas estrelas, rutilando uma pequena fracção da sua luz àquele quarto. Num misto de sombras e temperaturas altas, há quem se espreguice de aborrecimento e desconforto. A brisa nocturna teima em ficar fora dali, mesmo tendo espaço de sobra para entrar. Naquele momento, ver as cortinas bailarem parece dádiva, ainda que tal aconteça numa dança sobejamente calma e discreta. Ouvem-se suspiros perante aquele quadro. Quase que podia imaginar uma rapariga, elegante e atrevida, a seduzir o rapaz mais giro da discoteca, forçando-o a roçar-se nela enquanto a música se espalhava no ar e o espaço se apertava mais e mais. Até que chegaria à típica melodia dos apaixonados e ele se via, subitamente, com vontade de a puxar para si e desfrutar daquele momento; ali, só os dois, como se a pista se tivesse esvaziado em segundos, e sentindo a pele querer saltar para fora das roupas já cheias um do outro. Mas ele abandona-a, repentinamente, sem dizer palavra, sem olhar para trás.
É aqui que, analogamente, naquele quarto, o vento se solta das garras da cortina persistente e invade, finalmente, a cama suada. Ali está ela, indefesa, agarrada a um quase-sono que a permite sonhar acordada nas horas quentes das noites de um Verão que não esquecerá. No meio de tantos pensamentos, tem tempo para humanizar cortinas e ventos, e torná-los tão íntimos como dois amantes que são nada, um sem o outro. Pressente a angústia soltar-se da jaula, querendo apagar a chama que lhe arde no peito, alimentada apenas por esperança e doces frases vindas de outra boca. Tem medo, mas não desiste. Ele que se atreva, pensa. O Tempo que se atreva. O Destino? Esse que se cuide...
E a chama permanece vivaz.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Indefinições.

Sentada a escrever, a noite parece mais adulta do que o relógio diz. Tentou decidir por qual sentimento se ia apaixonar hoje, mas tudo é incerto e enevoado. Não existe música que a embale, nem a mais triste daquela lista. Sente a boca salgada e rapidamente molha o top que traz vestido. Olha à volta e vê-se rodeada de objectos inúteis e pessoas estranhas. Arrasta o corpo consigo, tenta encontrar a alma, mas já não está ali. Olha para cima, procurando algum tipo de abrigo, mas lembra-se da fé que, um dia, deixou partir sem despedida. Sorri e deixa-se cair na cama já desfeita. Sabia que ia acontecer. Mas não se compadece. É de ideias fixas. Aquele efeito placebo já foi chão que deu uvas. Agora a força partia dela e da sorte dos dias que sucediam.
Procurou o lençol e a almofada e aninhou-se na sombra, perto do relógio que passaria a bomba dali a uns dias. Faltava-lhe saber se seria ou não salva pelo destino. E era isso que tanto a magoava, ali, naquele quarto onde ninguém podia fazer-lhe mal. Só o tempo e a espera.

sábado, 25 de agosto de 2007

Tempo.

Já pensei em tudo. Quer dizer, quase.
Podia dar-lhe algumas facadas, estrangulá-lo com arame farpado, arrancar-lhe as unhas das mãos com alfinetes, depilá-lo com cera a 100 ºC, morder-lhe os lábios até sangrar, furar-lhe o tímpano com um florete, cortar-lhe os pulsos com uma rebarbadora, passar-lhe a ferro a roupa vestida, castrá-lo sem anestesia, rodar-lhe a cabeça 360º, espalhar-lhe super cola 3 pelo corpo todo, lavar-lhe os olhos com diluente, encher-lhe a casa com CO e enterrá-lo ainda vivo.


Mas... Não, que isso dói pouco... :)

Para nosso bem, vou guardar as minhas sádicas tensões no baú das inutilidades e esperar... Esperar-te. Dar lugar de destaque na minha vida a este tempo que, por enquanto, nos separa. E aproveitar a força das saudades que sinto para regular a minha sanidade mental.
Porque, afinal, é por ti que me vou apaixonar, depois de todo este tempo passar.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

"Pérolas" do passado.

Tenho andado a arrumar as tralhas cá de "casa". Pensando bem, no último ano tornei-me numa bela dona de casa. Mas não uma qualquer, claro.
Não morro de amores por swiffers ou aspiradores, mas teimo em arrastar o pó comigo. Incrível, costumo ser alérgica (orgulhosa), mas desta vez foi como se me sentisse bem com aquelas ténues partículas suspensas no ar, detestáveis pelos mais inteligentes. Durante muito tempo, usei panos velhos e desperdícios para afugentar aquele inimigo. De cada vez que o fazia, sentia-o entranhado em mim, vinha de mansinho parar a todas as mucosas e eu, inocente, lá entornava outra lágrima contagiada por toda aquela miudeza. Tive esperanças de que me habituasse, afinal já não lhe podia fugir. As suas sementes, qual cancro, floresciam com rápida eficácia, faziam-me prisioneira do meu próprio carácter. Onde fui parar? Onde está a mulher decidida que conheço? Não sabia. Morria a cada dia que passava, morria perante aquela coisa pequena e insignificante... aos olhos de todos. De todos, menos de mim própria, também esses estavam desfocados.
Hoje, até consigo rir ao ler estas linhas. Como fraquejei ao tentar exterminar aquele ácaro que me visitava todas as noites e me incendiava com aquela alergia!
Hoje, com casa nova e aspirador topo de gama, o pó só aparece de vez em quando. Mas, agora, com Claritine (ou paixão por mim e pela vida, se lhe quiserem chamar assim), passa logo. Ou quase.

Noite fresca de Verão.

Sentindo aquela voz lacrada no ouvido, toca a saudade. Compõe a almofada. Abre os olhos e encara o tecto. Esta não é uma boa noite para curas de sono, disso não restam dúvidas. Sente-se engolida no vazio daquele quarto. Fecha os olhos e só vê aquele sorriso. Ok, paredes brancas, pensa em paredes brancas. As pessoas normais estão habituados à história dos carneirinhos, ela não. Gosta de ser diferente.
Muda de posição. Põe-se a divagar em assuntos insípidos, talvez assim encontre o sono. Mas ali está ele, a olhá-la, sorriso maroto, expressão satisfeita. Conhece o seu significado, era como se a tivesse visto mil vezes. Encostado a uma esquina de uma parede branca, avança na sua direcção. Ela, tímida à sua maneira, desvia o olhar, manda-lhe um sorriso entusiasmado. Atenta aos seus passos, quase sente aquela mão delgada percorrendo a parede como se fosse a própria pele. Ele vem, devagar, confiante, atrevido até... Sabe como intimidá-la! Ela percebe e mostra-se forte. Na verdade, ambos sabem o fervilhar de emoções que o outro sente, quase se ouvem corações a quererem saltar fora do peito. Agora mais perto, aquele sorriso malandro esconde-se numa expressão mais séria. Olha-a nos olhos, deixa-a desarmada, cativa, seduzida. Era como se tivesse entrado e se apoderado da sua alma. Toca-lhe. Tamborila cada dedo nos lábios vermelhos de desejo. Sente a respiração arfada, dá um risinho de prazer, como adora dominar os seus sentimentos! A avidez com que se beijaram naquele momento fê-la agarrar a almofada com força. Acorda. Leva tempo a perceber, mas finalmente, encontra-se outra vez no quarto inóspito. Deseja tê-lo abraçado, demorar mais aquele sonho. Sorri e adormece profundamente, tem a certeza de que o vai fazer, um dia.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Agosto impreciso.

O dia morre, a areia esfria, o céu entristece o seu azul. Confundem-se resquícios de Verão com o eriçar de pêlos esquecidos pela brisa já tardia. Olha o mar, infinito na sua beleza. Rugindo qual Neptuno esvairado, marca presença na tarde que viria a mudar vidas. A praia fica deserta em poucos momentos. Olhares que procuram alento, baixos e confusos, arrumam na gaveta a esperança para o dia seguinte. Pessoas que sorriem, cabelos esvoaçantes e mãos entrelaçadas. Há as que ficam no seu lugar, preguiçando à hora do poente, nem felizes nem tristes. É a debandada de sentimentos, naquela praia.
Ela fica. Pertence à camada entediante da juventude, adora o luar e flores, aprecia uma boa tarde de Verão só com os seus pensamentos. Consegue ignorar os olhares que a rodeiam, não permite que qualquer alma se aproxime do seu coração. Ninguém saberá chegar até ele, pensa. Desvia o olhar para o céu. Será sempre assim? Está feliz, mas não está. Sente-se incompreendida, mente a si própria sobre o seu bem-estar, tenta sorrir para dentro... mas não convence. Aceita que se sente sozinha. Olha o mar, inebriante. Ninguém saberá falar-lhe melhor do que a própria mágoa. Não soltará suspiros por ninguém, ponto assente. Decide retomar forças para ir embora. Só aquele mar vale a pena um olhar mais atento. Não quer olhar para dentro de ninguém. Nem vai. Durante muito tempo. Está decidida. A sua nova paixão é o mar.
Sorri perante aqueles pensamentos, que coisa mais patética, pensa. Mas a força com que se sente comove-a. Agora sim, vamos andar para a frente. Sem tropeçar em ninguém. Sim, é isso! Ajeita o cabelo, em vão. Bolas, maldito vento. Avança na paliçada, passo decidido e olhar confiante. Soubesse ela o que a esperava, na tarde seguinte...