quarta-feira, 9 de julho de 2008

Destino.

Não caibo em mim de saudade tua. Soubesses tu o poço que me engole... Deixarias o café arrefecido na mesa e a ponta do cigarro a morrer, perdida num fumo não degustado. Mas a cafeína não é companheira tua e fumar é coisa que não suportas. Na verdade, bastava largares o teu mundo e mudares as trouxas para o meu. Tento aprisionar-te com o lápis nas minhas palavras, tento despir-me de ti, grito contigo, falo de mansa, imploro-te... Tu devolves-me um rosto tranquilo e compreensivo, abraças-me como quem pede mais uns minutos pungentes de vida sem ti e prometes-me não ser apenas ilusão. Pelo menos, é assim que te imagino aí desse lado... Com vontade de saltar da cadeira, correr para o fosso que me separa do teu reino e nadar até mim. Não deixes que me afogue no mar de medos que, de quando em vez, sobe maré e me alcança os pés. Vem ser o condimento que falta ao meu Verão. Sem ti, o sal do mar que me protege fica em cais desconhecido; sem ti, não sei flutuar nesta onda de paixão furtiva que me levou o coração para o teu porto.
Eu sei que não somos iguais, que não somos areia da mesma praia, que não temos a mesma chuva a cair sobre nós, que não vemos a luz da mesma posição... Sei, também, que a minha história não começou no teu livro de poemas e eu, a tua, não sei contar. Ainda assim, pousa a tua mão direita em cima da minha; as duas vão conseguir escrever a nossa.
Eu e tu, tu e eu, nós seremos muito mais que um acaso. Sempre.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Diz que sim.

Palavras prosaicas estão para esta noite como o zé cabra está para a música. Mais apetece atirar fora estas letras encavalitadas, presunçosas e altivas, com a mania que expressam sentimento fácil de rabiscar. Não, hoje não vou metaforizar nem dar vida a inanimados. Hoje, não vou ditar regras ortográficas nem encher-te de frases sonantes, metodicamente escritas para o teu peito. Hoje, não quero demorar-me a concluir que te adoro e que sinto a tua falta. A noite cresce sem graça, sem ardor. É fria e cortante, magoa e arrepia. Hoje, sou mulher alegre sem sorriso, sou amor incompleto.
Hoje, faltas tu... e a culpa é minha.
Desculpa. Não por hoje, mas por todos os dias que, em presença, não sou tua. Em presença. Porque mais ninguém me tem tanto como tu.