quinta-feira, 10 de abril de 2008

Podes dizer o que quiseres.

Os dias deslizam e acompanham esta Primavera ainda incerta. A marca que deixaste na minha pele não escorreu com a chuva miudinha e o cheiro do teu peito ficou guardado no frasquinho da memória. Ter o teu perfume em casa não me é suficiente; quero mais. Como és capaz de dar fome ao meu ser? Eu, que me envenenei de ti? O meu corpo chora-te todas as noites, mas a alma... Essa já secou. Aperto-te com força no pensamento e deixar-te partir não é mais uma possibilidade. Não me interessa por onde andas, nem para onde queres ir. Reconheço no teu olhar um sentimento meio recíproco... Isso chega-me. Tu não o deixas mostrar-se, mas eu sei que existe. É o Amor. É essa forma de amar que preciso de suster na respiração. A própria que treme quando me perguntas se ainda te amo.
Deixa-te de rodeios e vem ser meu.

You can say what you want.

And when I get that feeling
I can no longer slide
I can no longer run
Ah no no
And when I get that feeling
I can no longer hide
For it's no longer fun
Ah no no

Well, you can say what you want
But it won't change my mind
I'll feel the same
About you
And you can tell me your reasons
But it won't change my feelings
I'll feel the same
About you

terça-feira, 8 de abril de 2008

Tempo de Criança.

Lambuzas-me o cabelo com essa doçura de criança pedinchona. O que hei-de fazer contigo? Enches-me a vida com palmo e meio de sorrisos.
Há dias que serias bem capaz de tirar a paciência a um santo, se os houvesse.
Fazes-me cócegas no coração e voltas a pô-lo no lugar. De quando em vez, lá vais tu soltá-lo da corrente e corres, como se quisesses que te seguisse. Uma voz cá dentro pede-te a mão para não te perder de vista; tu sorris e finges enfado. Mas ambos sabemos que tu não vais sem mim. Voltas as vezes que eu precisar. Que tu precisares.
Gosto de pensar que te tornaste meu no dia em que chegaste ao mundo. Não acredito em almas gémeas; isso é para meninos. Amores perfeitos também só existem em jardins, e mesmo esses, têm hífen. Apesar disso, sinto-te parte de mim, o que me leva a sonhar como uma criança. Como a criança que tens na alma, que se ocupa a adivinhar desenhos nas nuvens e a traçar caminhos em terra batida, longe de todos, nas tardes cheias de calor.
Contigo, a vida pinta-se com as cores da caixa de lápis enorme que tanto pedimos à mãe, aos seis anos. Constróis os sentimentos com legos antigos, mas com a duração de uma vida.
Deixo-me levar com as tuas cantorias ao poente e acabamos o dia sentados numa escada qualquer dessa cidade que nos viu crescer, recordando brincadeiras e traquinices dos últimos quatro anos. O tempo voa, não é? O que nos vale é que as crianças não têm de se preocupar com o tempo...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Reflexão, uma ova.

Um dia, houve alguém que me disse que, por vezes, é preciso parar e olhar para a porcaria (ou não) que temos andado a fazer da nossa vida. Os parêntesis são para casos pontuais, porque normalmente a reflexão só vem ter connosco quando já estamos no fundo do poço.
Acho uma certa piada quando leio as Favourite Quote nesses sites que guardam a personalidade de tanta gente por esse mundo fora (a título de exemplo: hi5, fotolog, zorpia...). Principalmente àqueles seres que afirmam ter o seguinte lema de vida: Viver cada dia como se fosse o último.
Ora bem, meus senhores e minhas senhoras, haja alguém que me comprove que neste globo azul, recheado de 6 biliões de, supostamente, sanguessugas de vida, existe uma única pessoa a viver cada dia como se fosse o último. Penso que nem mesmo os cuidados paliativos recebem mentalidades desse género. Ninguém está preparado para receber o amanhã dessa maneira. Por isso é que ele existe, o amanhã. Toda a gente deixa para amanhã o que pode fazer hoje. Não há um só dia que passemos como se o amanhã não existisse. A todo o minuto se fazem mil planos para um dia, uma semana, uma vida.
O que queres ser quando fores grande?
Onde vais passar as férias este ano?
A que horas nos encontramos no Sábado?
Quando pensas casar-te e ter filhos?
Jogaste no Euromilhões?
Parece que dá gozo fazer isto. Dá gozo pensar que se aproveita tudo ao máximo, tipo Carpe Diem. A ironia é bastante evidente, porque pensando bem, não há niguém razoavelmente consciente que acredite nisso. Na verdade, todos acreditam que mais um ou menos um dia é igual... Ainda há tanto tempo, não é? Ainda somos tão novos. Ahhh, mas Carpe Diem, Carpe Diem 4ever. (Not!)
Por vezes, é preciso sentir a vida a passar-nos ao lado para reagir. Nunca vou aproveitar o dia como se fosse o último. Nunca vou conseguir viver os melhores momentos da minha vida em 24 horas. Prefiro pensar que vou ter a sorte de me sentir saudável e conseguir chegar ao amanhã que tenho planeado. Espero que a vida me perdoe a preguiça de adiar aquilo que poderia ter feito hoje. Espero ter mais oportunidades para mostrar aquilo que valho. Espero que este ano, ou melhor, estes 300 e muitos dias, não tenham sido um desperdício de tempo; sei que não. Mas espero conseguir dar-lhes um verdadeiro sentido e ouvir da boca de outras pessoas, mas principalmente de dentro de mim, qualquer coisa como Afinal, valeu a pena a queda.

Afinal, a esperança é mesmo a última a morrer.