quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Noite fresca de Verão.

Sentindo aquela voz lacrada no ouvido, toca a saudade. Compõe a almofada. Abre os olhos e encara o tecto. Esta não é uma boa noite para curas de sono, disso não restam dúvidas. Sente-se engolida no vazio daquele quarto. Fecha os olhos e só vê aquele sorriso. Ok, paredes brancas, pensa em paredes brancas. As pessoas normais estão habituados à história dos carneirinhos, ela não. Gosta de ser diferente.
Muda de posição. Põe-se a divagar em assuntos insípidos, talvez assim encontre o sono. Mas ali está ele, a olhá-la, sorriso maroto, expressão satisfeita. Conhece o seu significado, era como se a tivesse visto mil vezes. Encostado a uma esquina de uma parede branca, avança na sua direcção. Ela, tímida à sua maneira, desvia o olhar, manda-lhe um sorriso entusiasmado. Atenta aos seus passos, quase sente aquela mão delgada percorrendo a parede como se fosse a própria pele. Ele vem, devagar, confiante, atrevido até... Sabe como intimidá-la! Ela percebe e mostra-se forte. Na verdade, ambos sabem o fervilhar de emoções que o outro sente, quase se ouvem corações a quererem saltar fora do peito. Agora mais perto, aquele sorriso malandro esconde-se numa expressão mais séria. Olha-a nos olhos, deixa-a desarmada, cativa, seduzida. Era como se tivesse entrado e se apoderado da sua alma. Toca-lhe. Tamborila cada dedo nos lábios vermelhos de desejo. Sente a respiração arfada, dá um risinho de prazer, como adora dominar os seus sentimentos! A avidez com que se beijaram naquele momento fê-la agarrar a almofada com força. Acorda. Leva tempo a perceber, mas finalmente, encontra-se outra vez no quarto inóspito. Deseja tê-lo abraçado, demorar mais aquele sonho. Sorri e adormece profundamente, tem a certeza de que o vai fazer, um dia.

1 comentário:

Anónimo disse...
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