segunda-feira, 7 de abril de 2008

Reflexão, uma ova.

Um dia, houve alguém que me disse que, por vezes, é preciso parar e olhar para a porcaria (ou não) que temos andado a fazer da nossa vida. Os parêntesis são para casos pontuais, porque normalmente a reflexão só vem ter connosco quando já estamos no fundo do poço.
Acho uma certa piada quando leio as Favourite Quote nesses sites que guardam a personalidade de tanta gente por esse mundo fora (a título de exemplo: hi5, fotolog, zorpia...). Principalmente àqueles seres que afirmam ter o seguinte lema de vida: Viver cada dia como se fosse o último.
Ora bem, meus senhores e minhas senhoras, haja alguém que me comprove que neste globo azul, recheado de 6 biliões de, supostamente, sanguessugas de vida, existe uma única pessoa a viver cada dia como se fosse o último. Penso que nem mesmo os cuidados paliativos recebem mentalidades desse género. Ninguém está preparado para receber o amanhã dessa maneira. Por isso é que ele existe, o amanhã. Toda a gente deixa para amanhã o que pode fazer hoje. Não há um só dia que passemos como se o amanhã não existisse. A todo o minuto se fazem mil planos para um dia, uma semana, uma vida.
O que queres ser quando fores grande?
Onde vais passar as férias este ano?
A que horas nos encontramos no Sábado?
Quando pensas casar-te e ter filhos?
Jogaste no Euromilhões?
Parece que dá gozo fazer isto. Dá gozo pensar que se aproveita tudo ao máximo, tipo Carpe Diem. A ironia é bastante evidente, porque pensando bem, não há niguém razoavelmente consciente que acredite nisso. Na verdade, todos acreditam que mais um ou menos um dia é igual... Ainda há tanto tempo, não é? Ainda somos tão novos. Ahhh, mas Carpe Diem, Carpe Diem 4ever. (Not!)
Por vezes, é preciso sentir a vida a passar-nos ao lado para reagir. Nunca vou aproveitar o dia como se fosse o último. Nunca vou conseguir viver os melhores momentos da minha vida em 24 horas. Prefiro pensar que vou ter a sorte de me sentir saudável e conseguir chegar ao amanhã que tenho planeado. Espero que a vida me perdoe a preguiça de adiar aquilo que poderia ter feito hoje. Espero ter mais oportunidades para mostrar aquilo que valho. Espero que este ano, ou melhor, estes 300 e muitos dias, não tenham sido um desperdício de tempo; sei que não. Mas espero conseguir dar-lhes um verdadeiro sentido e ouvir da boca de outras pessoas, mas principalmente de dentro de mim, qualquer coisa como Afinal, valeu a pena a queda.

Afinal, a esperança é mesmo a última a morrer.

1 comentário:

Anónimo disse...

Carpe Noctum

Eu era um rapaz sonhador, sem bem reparar esperava o início da minha noite a cada hora do dia. Demasiada luz, demasiada gente, demasiado compromisso.
Assim, naqueles crepúsculos, ouvia um a deitar-se, e outro seguir, e depois outro. Até que já ouvia a noite, já ouvia o respirar da terra, até que já era noite.
Ninguém parecia compreender o porquê das minhas horas acordado, agora poderia o gritar nas vossas caras. Sou mais dia na minha noite que vocês todo o vosso dia.
Eu era eu, não era a regra, não era a obrigação, não a restrição, não era a vossa obsessão.
Eu era eu, eu era a minha paixão. Vivia cada noite por ela mesma. Apenas no dia esperava a noite, na noite nunca esperei o dia ou outra noite.
Assim, quando tiveres a viver um momento, na tua noite ou dia, sem outra coisa esperar saberás que estás a viver Carpe.