terça-feira, 8 de abril de 2008

Tempo de Criança.

Lambuzas-me o cabelo com essa doçura de criança pedinchona. O que hei-de fazer contigo? Enches-me a vida com palmo e meio de sorrisos.
Há dias que serias bem capaz de tirar a paciência a um santo, se os houvesse.
Fazes-me cócegas no coração e voltas a pô-lo no lugar. De quando em vez, lá vais tu soltá-lo da corrente e corres, como se quisesses que te seguisse. Uma voz cá dentro pede-te a mão para não te perder de vista; tu sorris e finges enfado. Mas ambos sabemos que tu não vais sem mim. Voltas as vezes que eu precisar. Que tu precisares.
Gosto de pensar que te tornaste meu no dia em que chegaste ao mundo. Não acredito em almas gémeas; isso é para meninos. Amores perfeitos também só existem em jardins, e mesmo esses, têm hífen. Apesar disso, sinto-te parte de mim, o que me leva a sonhar como uma criança. Como a criança que tens na alma, que se ocupa a adivinhar desenhos nas nuvens e a traçar caminhos em terra batida, longe de todos, nas tardes cheias de calor.
Contigo, a vida pinta-se com as cores da caixa de lápis enorme que tanto pedimos à mãe, aos seis anos. Constróis os sentimentos com legos antigos, mas com a duração de uma vida.
Deixo-me levar com as tuas cantorias ao poente e acabamos o dia sentados numa escada qualquer dessa cidade que nos viu crescer, recordando brincadeiras e traquinices dos últimos quatro anos. O tempo voa, não é? O que nos vale é que as crianças não têm de se preocupar com o tempo...

Sem comentários: