segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Merda.

A um passo de dar um rumo à minha vida, as pessoas mais importantes para mim não me apoiam.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Horas Dementes, Amores Impossíveis.

A chama arde, quase confusa com a luz da rua. Lá fora, a Lua mostra-se timidamente às amigas estrelas, rutilando uma pequena fracção da sua luz àquele quarto. Num misto de sombras e temperaturas altas, há quem se espreguice de aborrecimento e desconforto. A brisa nocturna teima em ficar fora dali, mesmo tendo espaço de sobra para entrar. Naquele momento, ver as cortinas bailarem parece dádiva, ainda que tal aconteça numa dança sobejamente calma e discreta. Ouvem-se suspiros perante aquele quadro. Quase que podia imaginar uma rapariga, elegante e atrevida, a seduzir o rapaz mais giro da discoteca, forçando-o a roçar-se nela enquanto a música se espalhava no ar e o espaço se apertava mais e mais. Até que chegaria à típica melodia dos apaixonados e ele se via, subitamente, com vontade de a puxar para si e desfrutar daquele momento; ali, só os dois, como se a pista se tivesse esvaziado em segundos, e sentindo a pele querer saltar para fora das roupas já cheias um do outro. Mas ele abandona-a, repentinamente, sem dizer palavra, sem olhar para trás.
É aqui que, analogamente, naquele quarto, o vento se solta das garras da cortina persistente e invade, finalmente, a cama suada. Ali está ela, indefesa, agarrada a um quase-sono que a permite sonhar acordada nas horas quentes das noites de um Verão que não esquecerá. No meio de tantos pensamentos, tem tempo para humanizar cortinas e ventos, e torná-los tão íntimos como dois amantes que são nada, um sem o outro. Pressente a angústia soltar-se da jaula, querendo apagar a chama que lhe arde no peito, alimentada apenas por esperança e doces frases vindas de outra boca. Tem medo, mas não desiste. Ele que se atreva, pensa. O Tempo que se atreva. O Destino? Esse que se cuide...
E a chama permanece vivaz.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Indefinições.

Sentada a escrever, a noite parece mais adulta do que o relógio diz. Tentou decidir por qual sentimento se ia apaixonar hoje, mas tudo é incerto e enevoado. Não existe música que a embale, nem a mais triste daquela lista. Sente a boca salgada e rapidamente molha o top que traz vestido. Olha à volta e vê-se rodeada de objectos inúteis e pessoas estranhas. Arrasta o corpo consigo, tenta encontrar a alma, mas já não está ali. Olha para cima, procurando algum tipo de abrigo, mas lembra-se da fé que, um dia, deixou partir sem despedida. Sorri e deixa-se cair na cama já desfeita. Sabia que ia acontecer. Mas não se compadece. É de ideias fixas. Aquele efeito placebo já foi chão que deu uvas. Agora a força partia dela e da sorte dos dias que sucediam.
Procurou o lençol e a almofada e aninhou-se na sombra, perto do relógio que passaria a bomba dali a uns dias. Faltava-lhe saber se seria ou não salva pelo destino. E era isso que tanto a magoava, ali, naquele quarto onde ninguém podia fazer-lhe mal. Só o tempo e a espera.